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domingo, 18 de setembro de 2011

A história praticamente se repete...

"Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco."
(I Tess. 5:18)

Não digo que é fácil colocar em prática o trecho bíblico acima citado... mas com fé em Deus irei conseguir...

Há aproximadamente dez anos, após um enorme susto e depois de ficar cinco dias hospitalizado descobrimos que meu filho tinha um problema bastante diferente e raro: Síndrome de Jean Aicardi. Pesquisei tudo que podia sobre o assunto e aos poucos fomos nos adaptando ao novo ritmo de vida.

Fizemos exames de todos os tipos e fomos atendidos pelos melhores médicos do Estado de Minas.

Durante dois anos ele tomou uma medicação que logo depois desse período foi retirada sem nenhum problema.

Hoje é um menino normal e eu até esqueço que ele teve esse problema, que, na época, foi muito preocupante.

Mas, como na vida as coisas não acontecem como desejamos, a história se repetiu de forma um pouco diferente com minha pequena Beatriz.

Dia 01 de setembro passado tínhamos acabado de chegar de Muriaé, onde meu esposo precisou fazer uma Perícia Médica. Dei um presente para a Beatriz e logo em seguida ela dormiu. Achei estranho pois sempre dorme muito tarde mas eu estava tão cansada que sequer imaginei o que estava acontecendo.

Minutos depois o interfone tocou e era a Tia Bia, professora de minha pequena. Ela tinha vindo aqui em casa porque tinha ficado preocupada com o comportamento estático da Beatriz durante a aula naquele dia. Eu não sabia de nada porque não estava na cidade.

Imediatamente liguei um fato com o outro e um filme passou em minha cabeça. Lembrei perfeitamente daquela noite que o Gustavo foi hospitalizado. Levantei rapidamente e chamei a professora para me acompanhar até o quarto onde a Beatriz dormia.

Enquanto eu chegava perto observei movimentos involuntários nas mãos, braços, cabeça e logo ela desmaiou. Eu apenas disse que era uma convulsão e saímos correndo com ela para o Hospital onde prontamente foi muito bem atendida. Era uma convulsão.

No dia seguinte fomos ao consultório médico e foram pedidos alguns exames.

Nesse dia perdi todas as minhas forças e mais uma vez meu pai esteve presente para me ajudar a erguer a cabeça.

Mesmo assim acreditei que fosse um fato isolado, relacionado ao que estamos vivenciando dentro de nosso lar. Talvez fosse uma válvula de escape por estar vendo o papai doente.

Quarta-feira passada fizemos os exames e sexta saíram os resultados.

A minha pequena Beatriz, minha amiga, companheira de todas as horas, minha princesinha, é epilética!

Confesso que o susto foi tão grande que não contive as lágrimas... Apesar de saber que na nossa família os casos de epilepsia são muitos.

Sei que existem inúmeras mães sofrendo por coisas muito mais difíceis, mas eu também sou mãe e hoje estou sofrendo muito. De agora em diante tudo será diferente. Remédio duas vezes ao dia por tempo indeterminado, observação o tempo todo, atenção redobrada e o medo constante de uma nova convulsão.

Creio que Deus me dará forças para superar mais essa dificuldade e tenho fé que minha filha ficará bem.



terça-feira, 13 de setembro de 2011

Despedida

Toda mudança gera um misto de alegria e tristeza...Mudar é difícil... Despedir das pessoas que amamos, muito mais...

Na véspera de nossa mudança para Carangola recebemos diversas visitas, pessoas que fizeram e sempre farão parte de nossa história.

Recebemos uma carta que é um tesouro e tomei a liberdade de postá-la na íntegra.

Ontem (hoje), fiquei pensando em nossas conversas. Tudo sempre volta a minha memória como se fosse um "eco". Lembrei de quando o Zenas falou sobre se sentir em casa (casa da Rosângela).
Senti-me extremamente honrada, da mesma forma como me senti quando a Patrícia disse que tem um lugar na casa nova para nós. No entanto, a maior honra foi a de ter entrado não somente na casa, mas na vida de vocês.
Tomar café na xícara! Hum... Vou sentir saudades. E como a Patrícia (não a Bia) resolveu praticar o esporte de arremesso de xícaras, pensei se já haviam inventado um jogo que viesse com xícaras extras, para não correr o risco de ficar sem xícara numa oportuna visita à nova casa.
Aguardei com ansiedade o fim das aulas na faculdade para novos encontros. Achei que a partir de então começaríamos uma nova história e ela está começando, mas não do jeito que imaginei. Claro... Eu "escrevinho", mas é Deus quem escreve.
Percebi que não soube administrar o meu tempo para que pudéssemos estar mais juntos. Estava sempre muito ocupada. Pensei então no versículo: "Em todo o tempo ama o amigo; e na angústia nasce o irmão." Prov. 17:17. Comecei a meditar: será que estou amando verdadeiramente meus amigos? Será que uso o tempo que tenho para ajudar meus irmãos (mais que amigos), que muitas vezes precisam de mim, mas que não sei, pois estou tão voltada para mim mesma que não dou a devida atenção a eles? Ao contrário, eles sempre demonstram sua preocupação comigo, perguntando pela Sara e me alertando quanto aos cuidados que devo ter com ela, sem falar nas orientações que passaram para o Neto, nos momentos em que eu estava em completo desespero por coisas tão pequenas.
Ah, como é bom ter amigos verdadeiros, leais, e que sabemos que podemos contar em todo o tempo. Podemos contar com seu carinho, atenção e com suas orações!
Em um dos textos de Carlos Drummond de Andrade, há a seguinte citação: "Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enchugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida."

Zenas, Patrícia, Gu e Bia
Esta foi a forma que encontrei de oferecer o meu ombro para chorarem embora queira vê-los sempre sorrindo.
Quando vier a dor e se sentirem incompreendidos, lembrem-se que eu conheço suas dores e minhas mãos estarão sempre estendidas para ajudá-los a se levantarem sempre que a vida lhes der uma rasteira.
As xícaras hão de quebrar, lembrando-nos que a vida é frágil. Por isso quero que saibam que, mesmo distantes, vocês podem contar comigo para ajudar a colar os cacos. Então colocaremos nas mãos do Oleiro, que fará novos vasos, digo, xícaras. rsrs
Acabei de ter uma magnífica idéia: sempre ao tirarem fotografias, digam: xícara!
As fotos ficarão lindas, eu verei seus rostos sorrindo (quando me enviarem as fotos) e vocês jamais se esquecerão de nós.
Rosângela, Luiz, Neto e Sara.

DEUS ABENÇOE ESTE NOVO LAR!!!
03/12/2010

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

11 de setembro

Quantas tragédias marcam essa data?

Há dez anos o mundo inteiro assistiu a um verdadeiro “filme de terror” e se comoveu com os atentados... Famílias foram destruídas, vidas perdidas...
Lembro-me perfeitamente quando meu pai, totalmente assustado chegou na porta de nossa casa falando para ligar a televisão.
Meu tio Pipi, já doente, ficou tão perplexo que não acreditou no que estava vendo. Saiu andando, sem rumo.
Todos se comoveram.

Há um ano atrás minha família também foi vítima de uma tragédia nessa data. Foi o fim de um sonho!
Depois de vários surtos por conta de um transtorno bipolar que evoluiu de forma muito rápida e que não tinha sido diagnosticado pelos médicos da cidade onde morávamos meu esposo teve um surto absurdo, indescritível e que somente minha família sabe o horror que foi. Quando digo família estou falando de meus filhos e eu porque meu esposo fez isso de forma inconsciente.
Tudo por conta de um médico que achou que deveria testar mais uma vez um antidepressivo em uma pessoa que é bipolar e que, portanto, não pode tomar o remédio, pois entra em fase de mania e euforia.
Recordo perfeitamente das inúmeras vezes que pedi para iniciar logo o tratamento com o Carbonato de Lítio porque já tinha lido tudo a respeito, assistido palestras, pesquisado e tinha também a experiência com meu avô, portanto, sabia que, apesar dos efeitos colaterais esse seria o único remédio que iria controlar as crises mais fortes.

11 de setembro de 2010. O triste dia em que tudo mudou.
Sonhos foram desfeitos, uma amizade acabada, a família foi literalmente destruída.
Tínhamos comprado um apartamento de três quartos a apenas 6 meses justamente para que meus filhos tivessem cada um seu quarto, sua liberdade. Não cheguei sequer a decorar o apartamento.
Tenho lutado muito para que a família seja reerguida, mas confesso que tem sido muito difícil...
Hoje meu filho não mora mais conosco, não aceita dormir em minha casa e poucas são as vezes que vem aqui nos fazer uma visita.
Minha pequena Beatriz tem demonstrado resquícios do que presenciou e eu tenho feito o impossível para fazer com que ela seja bem assistida pelos especialistas para que isso não tome uma proporção ainda maior.
Meu esposo faz consultas e exames regularmente e é acompanhado por uma equipe médica de alta competência que conseguiu, inclusive, fazer com que os surtos fossem controlados.
E Deus me deu muita sabedoria...
Mesmo sofrendo, muito machucada, tive forças para vir dirigindo até Carangola. Dois dias depois fui até uma Escola onde fui prontamente atendida, expliquei toda a situação e matriculei meu filho.
Começava aí um novo ciclo em minha vida.
Medo dele não se adaptar, de ter problemas na Escola por conta da doença do meu esposo. Nada disso aconteceu. Teve uma ótima adaptação e é um aluno excelente.
Agradeço todos os dias pelo carinho que os professores e funcionários do quadro administrativo tiveram com meu filho, pela forma com que o receberam e pela competência com que lidaram com a situação.
No outro dia tomei coragem e resolvi que não deveria deixar acabar ali um casamento. Peguei o carro, fui até Cachoeiro de Itapemirim e busquei meu esposo para uma consulta. O Lítio foi prescrito.
Busquei forças nos ensinamentos de minha avó Eveta e voltei para minha casa com meu esposo e minha filha. Um pedaço de mim estava ficando aqui mas ao mesmo tempo sabia que estava com meus pais que sempre me ajudaram a criar meu filho e isso foi o que me sustentou.
Os meses seguintes não foram fáceis. Era muito difícil olhar para o quarto do Gustavo e não encontra-lo. Era muito triste passar em frente ao SESI e saber que ele não estaria mais ali me esperando para ir para casa. Era muito triste ver a Beatriz chamando pelo irmão.
Foi aí que resolvemos voltar para Carangola.
Dia 04 de dezembro de 2010 nossa mudança saiu de Cachoeiro.
Uma nova fase estava começando em nossas vidas.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Sobre pessoas especiais...

Deus sempre coloca em minha vida pessoas especiais...
O que não significa que eu não encontre dificuldades, pelo contrário, todos os dias "mato um leão" para sobreviver.
Encontro e sei que sempre encontrarei pessoas invejosas e sem a mínima competência que passam por cima de tudo para se dar bem na vida. Mas isso é uma questão de berço e isso é indiscutível... não tem cura, tem a ver com classe e isso não é para quem quer, é para quem tem.
Mas sempre encontro pessoas maravilhosas, que me ouvem, me ajudam, me ligam para dar um bom dia, para saber como estou, para perguntar sobre minha família, falar e ouvir um pouco sobre as dificuldades que venho enfrentando por conta do tratamento do meu esposo e agora de minha filha, me visitam, oram por minha família. São pessoas abençoadas que fazem parte de minha história e me ajudam a superar os momentos difíceis.
Tia Bia é uma delas.
Cuida de minha filha com todo carinho do mundo e graças a Deus estava aqui em casa no dia 01 de setembro e foi a pessoa que me ajudou a socorrer minha pequena no momento mais complicado e ao mesmo tempo mais triste que já passei com a Beatriz.
Ontem recebi uma mensagem dela e gostaria de compartilhar... Acho que tem tudo a ver com o momento delicado que estou passando e que vou vencer.

"Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia.
Pois o triunfo pertence a quem se atreve."

sábado, 3 de setembro de 2011

Amigos...

"Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão." Proverbios 17.17.

Tenho poucos amigos, mas são amigos verdadeiros!
Um deles, ou melhor, a minha amiga Lúcia Correa, me ensinou que amigos devemos contar nos dedos... se passar de uma mão, ou seja, cinco amigos, volte e conte novamente, procure observar e verá que algum deles não é seu amigo verdadeiro.

Lúcia é uma das pessoas mais importantes em minha vida e que fez parte do passado mas faz parte do presente sempre.
A distância não nos separou. As dificuldades que juntas passamos nos uniu ainda mais e por isso somos cúmplices. Dividimos um único pão, partimos um hamburguer no meio, vendemos roupas no brechó para pagar passagem e ver a família, socorremos pessoas durante enchente, andamos a pé para chegar no serviço, fomos a pé até o pronto socorro porque não tínhamos dinheiro para o taxi, perdemos tudo e conseguimos tudo novamente.
Em meio às dificuldades sempre encontrávamos uma forma de fazer a outra sorrir.
É minha madrinha de casamento mesmo não tendo comparecido no dia... (isso é melhor deixar de lado!!!)
Nas alegrias, sorrimos juntas e na tristeza uma ajuda e conforta a outra.
Isso é amizade!
Por isso sempre que ouço uma música me lembro dela e meus olhos enchem de lágrimas, não de tristeza, mas de emoção por ter tido a felicidade de encontrar uma pessoa tão especial como ela.

Lúcia, querida amiga e irmã, a música abaixo resume nossa amizade!


Amigos Pela Fé


Quem me dará um ombro amigo
quando eu precisar ?
E se eu cair, se eu vacilar,
quem vai me levantar ?

Sou eu, quem vai ouvir você
quando o mundo não puder te entender
Foi Deus, quem te escolheu pra ser
o melhor amigo que eu pudesse ter

Amigos, pra sempre
Bons Amigos que nasceram pela fé
Amigos, pra sempre
Para sempre amigos sim, se Deus quiser

Quem é que vai me acolher,
na minha indecisão
Se eu me perder pelo caminho
quem me dará a mão

Foi Deus, quem consagrou você e eu
para sermos bons amigos, num só coração
Por isso eu estarei aqui
quando tudo parecer sem solução

Peço a Deus que te guarde
(que te guarde, abençoe e mostre a sua face)
E te dê a sua Paz.

Amigos, pra sempre
Bons Amigos que nasceram pela fé
Amigos, pra sempre
Para sempre amigos sim, se Deus quiser

Lembrança do meu Avô Nelson

Lembro de muitas coisas engraçadas que meu avô, já velhinho, fazia...
Ia aos velórios e chorava em cima do caixão como se fosse o próprio viúvo, encontrou um óculos perdido na Igreja e resolveu usar como se fosse dele, mesmos sabendo de quem era, no dia das mães e aniversário da minha avó sempre ficava enciumado porque estávamos comemorando o dia dela e não dele, dentre tantas outras coisas.
Mas um fato que me marca muito é quando lembro de quando ele cantava a seguinte música:


Prova de Amor


Prova de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão!
Prova de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão!

Eis que eu vos dou um novo mandamento:
Amai-vos uns aos outros, como Eu vos tenho amado!

Vós sereis os meus amigos, se seguirdes meus preceitos:
Amai-vos uns aos outros, como Eu vos tenho amado!

Permanecei no meu Amor, e segui meu mandamento:
Amai-vos uns aos outros, como Eu vos tenho amado!


Talvez, naquela época, eu não tivesse a menor idéia do que realmente estava sendo dito na letra da música mas tenho certeza de que aprendi o que ele desejava ensinar.
Hoje tenho essa música como um exemplo para minha vida e procuro sempre colocá-la em prática pois tenho a certeza de que PROVA DE AMOR MAIOR NÃO HÁ, QUE DOAR A VIDA PELO IRMÃO, mesmo que esse irmão, algum dia, tenha te dado as costas e te abandonado.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Vó Vetinha

E o que dizer de minha avó Eveta?
Difícil descrever uma pessoa tão especial!
Mulher de garra, coragem, que sempre trabalhou duro para sustentar a casa, os filhos e ainda cuidar do esposo que estava doente.
Sempre pronta a ajudar foi a pessoa que me estendeu a mão em todos os momentos que precisei.
Mais do que isso, acreditou em mim.

Vó, a senhora é um exemplo de vida e sempre que encontro dificuldades (e a senhora sabe que são muitas)lembro dos seus ensinamentos e renovo minhas forças.

Obrigada por tudo que é, por sua presença, por seus conselhos, por me ouvir.
Te amo verdadeiramente!
Te amo eternamente!

Mensagem especial

Tenho passado por momentos muito difíceis mas Deus tem me dado força, sabedoria e coragem para superar as dificuldades.
Mesmo assim, existem pessoas que nunca deveriam ter passado por nossas vidas... mas passam.

Faz aproximadamente um mês que recebi um bilhete de minha avó que dizia assim:

DEUS TE GUARDA

No melhor a fazer,
Não te detenhas, segue.

Que importam precipícios
Se guardas rumo certo?

Que valem agressões,
Se a humildade te veste?

A injúria te apedreja?
Nada temas. Confia

Há quem te desconheça?
Não hesites. Prossegue.

Não te afastes do bem.
Deus te guarda e te vê.


Assim que terminei de ler senti como se tivesse sido escrito para mim, para sanar as dificuldades pelas quais estava passando e todas as manhãs e em momentos de extrema tristeza eu voltava e lia novamente.

Confiei e Deus me guardou.
Mais do que isso... Deus mostrou a todos que eu não tinha feito nada de errado e que o agressor era realmente o que eu havia dito.

E agora, quem vai restaurar o tempo perdido? Quem vai me ajudar a superar as dores que uma pessoa sem caráter me fez sentir?

Deus já está fazendo isso porque creio Nele e foi somente por ter crido que consegui chegar até aqui. Sofri muito. Fui culpada do que eu não tinha feito mas a verdade veio à tona e isso é o que importa.

Hoje sou mais que vencedora!

Obrigada vó por ter acreditado em mim!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sofrimento inesperado

E novamente já estamos no dia 30 de agosto.
Preferia que a data não existisse, ou que, pelo menos eu conseguisse esquecer, mas é impossível...
Como o tempo passa rápido... Parece que foi hoje, mas 14 anos já se passaram.
Lembro-me perfeitamente de quando estava saindo para trabalhar e procurei meu sogro para despedir. Ele sempre estava presente na hora em que eu ia sair para trabalhar. Naquele dia ele não apareceu.
O último contato que tive com ele foi na noite anterior, quando cheguei da Escola e muito cansada sentei na cama e fui assistir a missa que passava na televisão e ele sempre assistia.
Ele então me pediu para ajudar a terminar de montar o quebra-cabeça de 1000 peças e eu fui até a mesa mas, vi que seria impossível. Eu precisava trabalhar no dia seguinte e pedi para deixar para sábado. Como me arrependo!
Lembro também da última frase que ele me disse tendo como exemplo uma moça que estava participando da missa: “Sorria sempre! Aconteça o que acontecer, sorria.”
Eu nunca podia imaginar que seria a última vez...
Fui trabalhar normalmente e quando voltei algo me chamou a atenção em uma casa que não morava ninguém. Morávamos na roça e a casa ficava bem distante da sede onde morávamos. Passei por minha sogra e perguntei se a casa havia sido pintada e ela disse que não. Perguntei pelo meu sogro porque ele sempre ia para a rua comigo às sextas-feiras e ela disse que ele já estava pronto e tinha saído para plantar orquídeas, mas que ela já estava ficando preocupada porque ele estava demorando.
Subi as escadas e chegando em minha casa perguntei a minha ajudante se ela achava que a casa havia sido pintada. Ela não tinha observado nada.
Almocei e quando já estava saindo para o trabalho descobri que ele ainda não tinha voltado. Falei então com meu esposo (ex-esposo atualmente) e pedi que ele fosse ao encontro do pai.
Precisei sair para trabalhar, mas a preocupação tomava conta de mim.
Eu estava grávida de seis meses e ainda não sabia nem o sexo do bebê.
Apesar do casamento praticamente acabado minha gestação estava indo muito bem.
Saí dali muito preocupada e passei na casa do meu pai para pedir ajuda. Ele não estava lá. Pedi então a um funcionário nosso para me levar até a Escola e voltar na fazenda para ajudar a encontrar meu sogro.
Eu estava inquieta!
Aproximadamente uma hora depois eu resolvi sair da Escola e ir até um orelhão para ligar e saber notícias.
Quando cheguei no portão da Escola vi meu pai parando o carro. Logo observei a fisionomia de minha irmã e vi que algo estava errado.
Atravessei a rua e enquanto me aproximava do carro fui entendendo tudo. Pelo menos eu achava que estava entendendo...
Antes que meu pai saísse do carro e falasse alguma coisa eu perguntei se meu sogro havia se machucado, se estava no hospital e meu pai não respondeu nada, apenas disse para eu entrar no carro.
Fiz então a pergunta que não desejava: “Ele morreu?” Foi terrível! Minha irmã passou para o banco de trás e apenas balançou a cabeça. Eu não imaginava nada ainda. Pedi então para ir até o hospital e então meu pai disse que ele estava na fazenda porque tinha suicidado.
Eu gritei de dor, de tristeza, de desespero.
Quando cheguei na fazendo estava minha mãe, minha sogra, meu esposo, nossos funcionários. Todos mudos. Não havia o que falar. Naquele momento o silêncio dizia tudo!
Ele havia pendurado em uma árvore ao lado da casa que tanto me chamou a atenção na hora do almoço, tentou cortar os pulsos, mas não conseguiu terminar e quebrou o pescoço na queda. Estava com uma corda muito resistente amarrada ao pescoço.
Esperamos a Perícia chegar e isso demorou muito. Por volta das 17 horas peguei um cobertor para enrolar o corpo que seria transportado para o cemitério e lá arrumado no caixão.
Levei as roupas até lá, mas não me deixaram ficar presente.
Precisei tomar remédio porque estava começando a ter contrações.
Mesmo assim acompanhei tudo. Dia 31 às 11 horas ele foi enterrado.
Ficou a lembrança de um homem de fé, de coragem, trabalhador, positivo, mas que, por ser humano, também errou e provavelmente estava doente e por isso cometeu suicídio.
Três meses e cinco dias depois nasceu meu filho. Um presente de Deus para ajudar a superar a dor.

domingo, 21 de agosto de 2011

Beatriz

Beatriz

Aquela que traz alegria

A alegria desejada
A alegria confirmada
A alegria consagrada.

Chegada anunciada
de quem tem por companhia
o amor e a graça de Deus!

Corações aos sobressaltos
Sustos na mamãe
Anseios do papai
Curiosidades do irmão
Familiares todos a sorrir...

E as histórias de cada um
acalentando sentimentos
enquanto o tempo se encarregou
de trazer a todos nós
pela estrada da alegria
para recebermos Beatriz.

Papai Zenas




Gustavo, meu orgulho!

"Deus sabe de todas as coisas e mesmo nas adversidades, sempre nos fornece algo para o crescimento".

Fazendo exames de rotina descobri que estava com um pequeno problema e teria dificuldades para engravidar. Iniciei então um tratamento.
Alguns meses depois precisei procurar meu ginecologista porque algo estranho estava acontecendo comigo. Ele foi franco e disse que iria pedir o teste de gravidez mas ao mesmo tempo pediu outros exames pois tinha quase certeza que seria impossível eu estar grávida.
Fiz o exame sem nenhuma expectativa. No fim do dia, quando estava saindo da Escola onde trabalhava estavam minha mãe e minha irmã esperando para ir comigo buscar o exame. Confesso que tinha certeza de que não estava grávida e também não tinha nenhuma expectativa com relação a isso porque meu casamento não ia nada bem.
Cheguei ao Laboratório, peguei o exame e nem abri (como faço sempre). Fomos até a Igreja e enquanto minha mãe estava rezando minha irmã e eu abrimos o exame e ficamos confusas. Nada de positivo ou negativo. Saímos imediatamente da Igreja e fomos até o Laboratório pedir a atendente para nos ajudar a interpretar o resultado do exame.
POSITIVO! Eu estava grávida! Não sabíamos o que fazer! Era um misto de sentimentos que não há como descrever... Primeiro filho, primeiro sobrinho, primeiro neto.
Tive uma gravidez tranquila na medida do possível pois as brigas no casamento já eram constantes.
Em 30 de agosto de 1997 eu estava grávida de seis meses e passei por uma das piores experiências de minha vida. Meu sogro suicidou. Foi horrível! Sentimento de desespero, terror, medo, perda, impotência... Nunca mais me esqueci daquele terrível dia!
Aproximadamente um mês depois meu avô foi internado com um câncer no intestino, passou por uma séria cirurgia, teve pneumonia e as preocupações eram constantes. Graças a Deus em 03 de dezembro ele teve alta.
Em 05 de dezembro de 1997 nasceu meu filho Gustavo!
Mesmo com o cordão umbilical enrolado no pescoço tudo deu certo. Um menino lindo, saudável, perfeito. Tudo que eu tinha pedido a Deus.
Mesmo tendo algumas complicações depois da cesárea consegui me recuperar e dois dias depois tivemos alta.
Na época eu tinha apenas 21 anos e não tinha a menor idéia do que seria ser mãe. Apenas sabia que era a mãe mais feliz do mundo!
Meu filho foi crescendo e aos poucos pude ver o presente que Deus me deu.
Um menino alegre, inteligente, educado, estudioso, lindo...
O companheiro do Vô Otton e da Vó Lúcia, um irmão para a Tia Jaque. E com isso depois da minha separação ele ficou morando com meus pais e está lá até hoje.
Confesso que é difícil ter um filho e saber que ele não mora comigo. Já sofri muito com isso e algumas pessoas como minha amiga Lúcia são testemunhas de minha luta para dar um ótimo estudo e tudo mais que um garoto precisa ter e ainda longe ser uma mãe de verdade.
Faço o impossível para que tudo seja da forma mais tranquila e não perco as esperanças de, um dia, ainda ter o prazer de ter meu filho morando comigo.
De qualquer forma sou grata a Deus por ter me dado um presente tão especial que é o meu filho Gustavo, uma bênção na minha vida!

Poema Beatriz

Beatriz

Aquela que traz alegria

A alegria desejada
A alegria confirmada
A alegria consagrada.

Chegada anunciada
de quem tem por companhia
o amor e a graça de Deus!

Corações aos sobressaltos
Sustos na mamãe
Anseios do papai
Curiosidades do irmão
Familiares todos a sorrir...

E as histórias de cada um
acalentando sentimentos
enquanto o tempo se encarregou
de trazer a todos nós
pela estrada da alegria
para recebermos Beatriz.

Papai Zenas

Oração por Beatriz

Oração por Beatriz

Senhor, Tu és o nosso Deus, o soberano sobre nossas vidas! E como teus filhos, agradecemos a bênção da chegada de nossa filha Beatriz.
Quando escolhemos o nome dela, imaginamos quanta alegria ela iria trazer a nós e ao Senhor.
Pensamos em como o vovô Otton, a vovó Lúcia e a vovó Ziza ficariam felizes de ver os seus filhos tendo uma filha... E o sorriso deles já é a resposta que gostaríamos de ter, pois eles estão felizes!
Pensamos em como o nosso filho Gustavo ficaria radiante em saber que ele teria uma linda irmãzinha, com quem ele poderia brincar e partilhar seu carinho, seu amor, sua inteligência e sua alegria. E basta a gente olhar pra ele e ver como os olhos dele brilham!
Pensamos em como as tias e os tios, cada um a seu modo, também se alegrariam com a chegada de alguém tão especial na família... E foi assim mesmo. Sorrisos, parabéns, conselhos, recomendações... E alegria por toda parte!
Pensamos em como os amigos e os colegas de trabalho, mesmo aqueles que ainda não passaram pela experiência de ter filhos, iriam se alegrar com a notícia. Todos se alegraram e sorriram conosco!
E nós? O que dizer do que pensamos de nós mesmos? O que desejar para nossa amada filha?
Bem... A nossa lista poderia ser imensa, pois queremos dar o melhor a ela. Mas preferimos deixar-nos guiar pelo Senhor, recorrendo à Tua Proteção, à Tua Graça e ao Teu Amor, pois sabemos que o Teu desejo é que a nossa filha Te conheça como nós conhecemos, e cresça sendo sempre “aquela que traz alegria”.
Consagramos ao Senhor a nossa filha. Manifesta a ela o Teu Reino e faça na vida dela a Tua Vontade, a fim de que ela seja prova viva do Teu Amor, e se torne uma bênção nas Tuas mãos aonde e com quem estiver.
Dá-nos a cada dia o que precisarmos, ensinando-nos a sermos sábios, amorosos e firmes, de modo que possamos contribuir para que isso aconteça.
Receba a nossa gratidão e o nosso humilde pedido, que fazemos no nome do Teu Filho Jesus... Amém!!

(Oração escrita pelo Papai Zenas para o dia da Apresentação e Consagração na Primeira Igreja Batista em Cachoeiro de Itapemirim em 17/02/2008)

Uma mensagem muito especial

Recebi uma mensagem de uma pessoa muito querida e resolvi postar... parece ter sido feita para mim...

DEUS CAPACITA OS ESCOLHIDOS

Conta certa lenda,
que estavam duas crianças
patinando num lago congelado.
Era uma tarde nublada
e fria e as crianças brincavam despreocupadas.
De repente, o gelo se quebrou
e uma delas caiu,
ficando presa na fenda que se formou.
A outra, vendo seu amiguinho preso
e se congelando, tirou um dos patins
e começou a golpear o gelo com todas
as suas forças, conseguindo por fim
quebrá-lo e libertar o amigo.
Quando os bombeiros chegaram
e viram o que havia acontecido,
perguntaram ao menino:
- Como você conseguiu fazer isso?
É impossível que tenha conseguido quebrar o gelo,
sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis!
Nesse instante, um ancião que passava pelo local,
comentou:
- Eu sei como ele conseguiu.
Todos perguntaram:
- Pode nos dizer como?
- É simples - respondeu o velho.
- Não havia ninguém ao seu redor,
para lhe dizer que não seria capaz..



"Deus nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados,
CAPACITA OS ESCOLHIDOS.
Fazer ou não fazer algo só depende
de nossa vontade e perseverança

Confie...

As coisas acontecem na hora certa.
Exatamente quando devem acontecer!
Momentos felizes, louve a Deus.
Momentos difíceis, busque a Deus.
Momentos silenciosos, adore a Deus.
Momentos dolorosos, confie em Deus.
Cada momento, agradeça a Deus.

sábado, 20 de agosto de 2011

Gravidez da Beatriz

Quando estava com cinco semanas de gestação comecei a sentir dores que nunca havia sentido e procurei o médico. Ele disse que era uma provável infecção de urina. Tomei o remédio mesmo antes de saber o resultado do exame (que foi negativo) mas as dores não passavam.
Estava de seis semanas e já não conseguia sequer dar aula. Voltei ao médico e ele disse que eu estava com dengue. Não foi feito nenhum exame. Continuei sentindo dores e não tinha com quem falar.
Com sete semanas de gestação minha avó foi nos fazer uma visita. Uma alegria para quem está longe da família, sentindo saudades do filho e sentindo dores sem explicação. Lembro-me do delicioso pudim de leite condensado que ela levou.
Não fui trabalhar mas não comentei nada com ela.
No dia seguinte viemos juntas para Carangola. Pouco tempo depois que tinha chegado senti algo estranho e fui imediatamente ao banheiro. Estava tendo um sangramento.
Imediatamente minha mãe chamou meu pai que ligou para meu ginecologista aqui de Carangola. Fui atendida minutos depois. Ele não conseguia ouvir os batimentos cardíacos do bebê e com toda franqueza disse que faríamos uma ultrassom. Se o bebê estivesse vivo iniciaríamos uma medicação, caso contrário faríamos uma curetagem.
Foram os minutos mais difíceis de minha vida!
Não chorei, nem falei nada. Quando passei pelo meu pai no corredor observei como ele me olhou e então tive certeza da gravidade.
Fazendo o ultrassom conseguimos ouvir o coração do bebê batendo e isso me deixou tão feliz que só tinha forças para agradecer a Deus!
Fui medicada de imediato e fiquei três dias internada.
Voltei para Cachoeiro e o médico disse que poderia trabalhar normalmente. Puro engano!
O médico de Carangola já havia dado um laudo dizendo que eu tinha tido um princípio de aborto e que a gestação era de alto risco para parto prematuro. Disse também que provavelmente ficaria de repouso durante toda a gravidez.
Tudo foi realmente verdade. Foi uma gravidez dificílima com inúmeras internações no Hospital da Unimed, dores absurdas, remédios de 4 em 4 horas da 7º até a 38º semana de gestação. No último mês meu filho e minha mãe foram ficar comigo, eu já estava internada.
Em 30 de janeiro de 2008, sob os cuidados do Dr. Walfran e Dr. Pedro, com UTI reservada para o bebê e para mim, nasceu nossa Beatriz. Perfeita, saudável e linda! Nós duas fomos direto para o quarto e tivemos alta no outro dia logo cedo.
Estavam presentes nesse dia tão especial o papai Zenas, o irmão Gustavo que tanto me ajudou nas últimas semanas, a vovó Lúcia, o vovô Otton, a titia Jaqueline, algumas amigas e as incansáveis enfermeiras que se tornaram meu suporte na longa caminhada dentro da Unimed.
Deus mais uma vez nos mostrou como somos uma família abençoada!

E o passado veio à tona...

Dias depois de saber da gravidez recebemos uma notícia nada boa e então as preocupações foram tão grandes que o Zenas ficou descontrolado de vez.
Ele recebeu uma notificação do Tribunal de Contas da União dizendo que deveria fechar a firma que estava em aberto, em seu nome, em um prazo de dois meses.
Confesso que sequer sabia que essa firma estava ainda aberta, não sabia das dívidas que tinham ficado para trás, não sabia de nada. Tudo tinha sido ocultado!
Mesmo assim tomei frente da situação e fiz tudo que podia para fecher a firma... mas as coisas não foram fáceis e isso demorou aproximadamente três anos.
Durante todo esse período a situação do Zenas foi se agravando ainda mais. Foi ficando calado, preocupado (não conversava sobre o assunto, não pedia opinião, apenas ficava isolado), dormia demais e se desligou completamente da família.
Lembro-me perfeitamente do dia em que viemos a Carangola e minha irmã me chamou e disse que ele estava com depressão. Foi aí que me dei conta de que eu tinha que tomar alguma providência.
Procurei então vários médicos em Cachoeiro e o diagnóstico foi de depressão.
Tomava medicação mas não fazia nenhum efeito e as coisas foram ficando ainda piores.
Surgiu então o vitiligo, demonstração de que nada ia bem.
Era o passado remoendo o presente! Era o início de uma grande luta!

As vitórias conquistadas!

Depois de casados, em algumas semanas fizemos a primeira mudança. Era o início de inúmeras!
Como sempre, os colegas do DAE sempre dispostos a nos ajudar e assim tudo era motivo de festa. Até mesmo a panela cheia de gordura que estava dentro do fogão que acabou entornando nas escadas do apartamento para onde estávamos mudando. Limpei escadas até tarde da noite! Valeu a alegria do momento!
Em poucos meses fomos fazer um Concurso e o Zenas passou em primeiro lugar. Foi uma alegria só. Minutos depois minha amiga de serviço e eu começamos a pensar em como seria o futuro e então choramos. Sabíamos que a alegria da conquista seria também motivo de separação de uma amizade muito importante em nossas vidas.
Em 04 de agosto de 2006 nos mudamos para Cachoeiro de Itapemirim.
Tudo novo, diferente, estranho. Não conhecíamos nada e nem ninguém.
Em Carangola ficaram meu filho (morando com meus pais), meu emprego que tanto lutei para ter, meus amigos, nossos familiares, nossas origens. Mais uma vez eu estava recomençando minha vida... e como é difícil recomeçar!
Confesso que no início foi muito complicado. Acredito até que muito mais para mim do que para o Zenas. Ele estava começando em um emprego novo, muito bom, em uma instituição respeitada. Eu estava tentando entregar curriculo em qualquer lugar, procurando alguém para conversar, aprendendo a andar dentro da cidade e sozinha.
No ano seguinte consegui emprego e desde então não fiquei mais sem trabalhar.
Mas as coisas já não estavam indo bem. Eu observava comportamentos estranhos no Zenas mas achava que era por conta da mudança, das novas responsabilidades (em pouco tempo ele foi promovido a subgerente do CEFET), do novo ritmo de vida.
Veio então uma novidade maravilhosa! Eu estava grávida! E fiquei pensando em como contar a tão esperada novidade ao mais novo papai... contei e nada aconteceu. Não houve alegria, não observei sorriso no rosto, não recebi sequer uma abraço. Ele ficou calado e eu abalada. Seria essa a forma dele expressar alegria? Ou já era aí uma demonstração clara de que as coisas não estavam indo bem e eu não observei?
No mesmo dia fomos ao culto agradecer a Deus pela bênção recebida!Há várias semanas estávamos participando de uma Campanha de Oração na Igreja porque pedíamos a Deus um filho e eu não conseguia engravidar e justamente naquele dia o texto utilizado pelo Pastor como base para o culto foi o 1º Livro de Samuel, capítulo 1, onde conta a história de Ana que orou a Deus buscando um filho e foi abençoada.
Eu tinha acabado de ser abençoada e estava em estado de graça!


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O grande dia!

Parece que a vida nos leva a caminhos certos por caminhos tortos.
Depois de 8 anos de um casamento fracassado, me separei e fui cuidar de minha vida e de meu filho. Sofri muito...
Preconceito... isso foi o motivo do meu maior sofrimento e talvez o motivo e a causa de vários erros.
Mas o tempo passou e consegui modificar minha vida.
Trabalhei muito, sofri demais, chorei sozinha, tive o prazer de conhecer minha amiga e irmã Lúcia Correa com quem pude dividir dificuldades, agonias, lembranças tristes, aborrecimentos, sonhos, alegrias dentre inúmeras outras coisas.
Voltei para minha cidade e passei em primeiro lugar em um concurso público e isso me ajudou muito a voltar a acreditar em mim, no meu potencial. Lá conheci algumas pessoas realmente especiais que também me ajudaram muito a superar as dificuldades e a acreditar na vida, em uma nova vida.
Em um chuvoso dia de dezembro, mais precisamente 8 de dezembro, após ficar um tempão esperando o ônibus depois do trabalho para ir embora para casa resolvi ir a pé.
Chovia muito, minha sombrinha estava estragada, eu toda molhada e a alguns metros do local onde havia ficado esperando o ônibus encontrei com um conhecido e através dele conheci uma pessoa muito especial.
A chuva aumentou e ficamos ali, na esquina da Casa Lopes conversando. Aos poucos descobri que ele conhecia meu pai, minha irmã, era também professor, também morava sozinho.
Trocamos telefones para eventuais aulas particulares.
Era 24 de dezembro de 2005 quando começamos a namorar...
Era 24 de janeiro de 2006 quando ficamos noivos...
E em 24 de março de 2006 nos casamos na Primeira Igreja Batista em Carangola.
Isso mesmo, em apenas três meses, namoro, noivado e casamento. Não me arrependo em momento algum. Faria tudo novamente.
Foi o casamento dos meus sonhos. Tudo organizado impecavelmente por minha chefe do DAE de Carangola.
Fui levada até o altar pelo meu filho Gustavo e isso me encheu de orgulho. Ele também levou as alianças. Do altar tive o prazer de ver amigos, colegas de trabalho, parentes, membros da Igreja.
Não fizemos festa, o casamento não foi filmado. Não tínhamos condições. Mas foi tudo lindo. Estávamos muito felizes e isso é que importa.

Lembranças do passado

Ainda me lembro perfeitamente de quando ainda era menina e presenciava minha avó organizando a medicação do meu avô. Na verdade, não entendia muito bem o motivo de tantos remédios separados em copinhos de café (naquela época ainda não existiam os separadores de remédios) mas sabia muito bem que a vida de minha avó não era nada convencional.
Ela cuidava de tudo sozinha... Era pai, mãe, organizava tudo, resolvia todos os problemas... meu avô sempre tinha o mesmo comportamento. Se alimentava muito bem (na verdade, descontroladamente), assistia televisão e dormia. Era maluco por doces, sabia tudo sobre as novelas (principalmente o que ia acontecer no fim), tinha um terço enorme que era uma verdadeira relíquia, sempre ia à missa e, na medida do possível, das condições e limitações, foi um pai, esposo e avô exemplar.
A vida foi dura, principalmente para minha avó, meu pai e meus tios, afinal, meu avô era portador de uma doença que pode acontecer com qualquer pessoa, mas as pessoas não estão preparadas para lidar com esse tipo de doença.
O meu avô José tinha Esquizofrenia.
Desde muito cedo me lembro das idas e vindas às Clínicas Psiquiátricas. Aos poucos fui crescendo e passei a poder entrar nas Clínicas para as visitas. Era também muito comum depois dos longos períodos de internação ter que curar as feridas. Feridas da alma e feridas físicas.
Por motivo de agitação era amarrado à cama e os pulsos e tornozelos eram amarrados na cama e algumas vezes vi machucados enormes, alguns curados com muito sacrifício por minha avó. Lembro de minha mãe sofrendo e até chorando por ver a que ponto os machucados chegavam.
Era a consequência da doença, das internações.
Em setembro de 2003 meu avô faleceu em uma Clínica Psiquiátrica na cidade de Juiz de Fora. Não que a família tivesse abandonado. O fato é que a situação não permitia mais que o tratamento fosse feito em casa.
O corpo foi removido para Carangola onde foi enterrado. Fui encarregada de receber o corpo visto que todos estavam em Juiz de Fora.
Por volta das cinco horas da manhã me preparei e entrei no local do velório e juntamente com a pessoa responsável pelo transporte do corpo, abri o caixão. Confesso que não foi nada agradável...
Meu avô estava coberto por algumas poucas flores, os pulsos machucados, enfim, nada arrumado.
Depois de alguns contatos com pessoas conhecidas consegui comprar as flores e eu mesma, sozinha, preparei meu avô para receber as últimas homenagens. Arrumei a camisa de forma que os machucados do pulso não apareciam, cobri o corpo totalmente com flores, coloquei um terço nas mãos.
Agora eu estava frente a frente com meu avô e não sabia mais o que fazer. Parece que depois de tudo as forças acabaram. Chamei minha irmã que estava o tempo todo no carro com meu filho no colo e começamos então a velar o corpo.
Terminou assim um ciclo de nossas vidas. Começou aí minha verdadeira admiração por minha avó, uma guerreira, vencedora.