Powered By Blogger

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sofrimento inesperado

E novamente já estamos no dia 30 de agosto.
Preferia que a data não existisse, ou que, pelo menos eu conseguisse esquecer, mas é impossível...
Como o tempo passa rápido... Parece que foi hoje, mas 14 anos já se passaram.
Lembro-me perfeitamente de quando estava saindo para trabalhar e procurei meu sogro para despedir. Ele sempre estava presente na hora em que eu ia sair para trabalhar. Naquele dia ele não apareceu.
O último contato que tive com ele foi na noite anterior, quando cheguei da Escola e muito cansada sentei na cama e fui assistir a missa que passava na televisão e ele sempre assistia.
Ele então me pediu para ajudar a terminar de montar o quebra-cabeça de 1000 peças e eu fui até a mesa mas, vi que seria impossível. Eu precisava trabalhar no dia seguinte e pedi para deixar para sábado. Como me arrependo!
Lembro também da última frase que ele me disse tendo como exemplo uma moça que estava participando da missa: “Sorria sempre! Aconteça o que acontecer, sorria.”
Eu nunca podia imaginar que seria a última vez...
Fui trabalhar normalmente e quando voltei algo me chamou a atenção em uma casa que não morava ninguém. Morávamos na roça e a casa ficava bem distante da sede onde morávamos. Passei por minha sogra e perguntei se a casa havia sido pintada e ela disse que não. Perguntei pelo meu sogro porque ele sempre ia para a rua comigo às sextas-feiras e ela disse que ele já estava pronto e tinha saído para plantar orquídeas, mas que ela já estava ficando preocupada porque ele estava demorando.
Subi as escadas e chegando em minha casa perguntei a minha ajudante se ela achava que a casa havia sido pintada. Ela não tinha observado nada.
Almocei e quando já estava saindo para o trabalho descobri que ele ainda não tinha voltado. Falei então com meu esposo (ex-esposo atualmente) e pedi que ele fosse ao encontro do pai.
Precisei sair para trabalhar, mas a preocupação tomava conta de mim.
Eu estava grávida de seis meses e ainda não sabia nem o sexo do bebê.
Apesar do casamento praticamente acabado minha gestação estava indo muito bem.
Saí dali muito preocupada e passei na casa do meu pai para pedir ajuda. Ele não estava lá. Pedi então a um funcionário nosso para me levar até a Escola e voltar na fazenda para ajudar a encontrar meu sogro.
Eu estava inquieta!
Aproximadamente uma hora depois eu resolvi sair da Escola e ir até um orelhão para ligar e saber notícias.
Quando cheguei no portão da Escola vi meu pai parando o carro. Logo observei a fisionomia de minha irmã e vi que algo estava errado.
Atravessei a rua e enquanto me aproximava do carro fui entendendo tudo. Pelo menos eu achava que estava entendendo...
Antes que meu pai saísse do carro e falasse alguma coisa eu perguntei se meu sogro havia se machucado, se estava no hospital e meu pai não respondeu nada, apenas disse para eu entrar no carro.
Fiz então a pergunta que não desejava: “Ele morreu?” Foi terrível! Minha irmã passou para o banco de trás e apenas balançou a cabeça. Eu não imaginava nada ainda. Pedi então para ir até o hospital e então meu pai disse que ele estava na fazenda porque tinha suicidado.
Eu gritei de dor, de tristeza, de desespero.
Quando cheguei na fazendo estava minha mãe, minha sogra, meu esposo, nossos funcionários. Todos mudos. Não havia o que falar. Naquele momento o silêncio dizia tudo!
Ele havia pendurado em uma árvore ao lado da casa que tanto me chamou a atenção na hora do almoço, tentou cortar os pulsos, mas não conseguiu terminar e quebrou o pescoço na queda. Estava com uma corda muito resistente amarrada ao pescoço.
Esperamos a Perícia chegar e isso demorou muito. Por volta das 17 horas peguei um cobertor para enrolar o corpo que seria transportado para o cemitério e lá arrumado no caixão.
Levei as roupas até lá, mas não me deixaram ficar presente.
Precisei tomar remédio porque estava começando a ter contrações.
Mesmo assim acompanhei tudo. Dia 31 às 11 horas ele foi enterrado.
Ficou a lembrança de um homem de fé, de coragem, trabalhador, positivo, mas que, por ser humano, também errou e provavelmente estava doente e por isso cometeu suicídio.
Três meses e cinco dias depois nasceu meu filho. Um presente de Deus para ajudar a superar a dor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário